sexta-feira, outubro 11, 2024
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Uma pequena história sobre minha cozinha

Vivem me perguntando por que eu gosto de cozinhar. Pelo menos uma vez por semana eu escuto essa pergunta de alguém e não costumo dar a resposta mais verdadeira, eu sempre dou uma maquiada na realidade. Eu gosto de cozinhar, é claro. Realmente eu adoro criar pratos, testar sabores, ver transformações que acontecem com cada um dos alimentos quando temperados, cozidos e servidos, porém eu gosto muito mais de receber. Adoro receber amigos em casa ou receber amigos na casas deles e definitivamente a melhor forma de se receber e encontrar é com um belo e saboroso prato de comida à nossa frente.

Somado ao prazer em receber as pessoas e na transformação dos alimentos, temos a necessidade de o anfitrião em preparar o alimento que nutra não somente o corpo dos visitantes, como suas almas e é nesse momento que surge a Cozinha (sim, com letra maiúscula, pois ela é quase um ser humano de tanta vida que ela tem). É na cozinha que acontecem os melhores momentos desses encontros, enquanto cozinhamos para o batalhão – seja de uma, ou seja, de 30 pessoas, é sempre um batalhão – é que surgem as histórias, as confidências…. a figura isolada e solitária do(a) cozinheiro(a), hoje dá lugar ao agregador. Desde que iniciei o Homem na Cozinha 5 anos atrás e mostrei “ao mundo” essa minha face, passei a cada vez mais receber amigos e a cada dia, minha cozinha passou a ter mais vida, ter sua própria personalidade e é incrível, como esse ambiente tem o poder de crescer e a cada dia, receber mais e mais pessoas.

Minha cozinha, pequena e aconchegante já participou de histórias de amizades, problemas, comemorações ou simplesmente conversa jogada fora, as paredes e utensílios ouviam silenciosamente – ou não – e absorviam as coisas boas ou maturavam os problemas e devolviam soluções em formas de ….. comida. A parte mais legal desse movimento, são as amizades que surgem e se perpetuam. Poderia falar aqui dos meus amigos de toda vida, como o Alexandre e o Gabriel. Mas eles são figurinha carimbada desde o tempo que a cozinha não era minha. Mas posso incluir o casal de amigos Fê (a.k.a Mellancia) e Maestro Billy, de um happy hour em uma noite chuvosa em São Paulo, veio um convite para um jantar em sua residência em que eu seria o anfitrião e a partir daí vieram várias outras reuniões e uma grande amizade entre famílias e sempre agregando novas famílias à essa amizade, quase sempre, em cozinhas.

Pensando nessas e em outras histórias retomo um tempo que não vivi, mas que já ouvi muitas histórias e que está diretamente ligado à existência desse blog. Já contei aqui em vários momentos que há diversas gerações, sempre temos em minha família uma pessoa apaixonada pela Cozinha. Minha bisavó, criou os filhos em Ribeirão Preto (interior de SP), fazendo festas para toda a alta sociedade da cidade e passou todo esse costume para meu tio-avô Domingos, que fazia questão em cozinhar nas festas e almoços dominicais. Esse hábito, também foi passado a minha mãe, Teresa que sempre foi conhecida na família formada como uma excelente cozinheira e assim como faço de vez em quando, gastava horas ao telefone, para aprimorar as receitas com sua tia Coraci, que também pegara o hábito da minha bisavó em receber os parentes em casa. Existe uma história famosa na família, do dia em que a mesa de sobremesa tinha perto de 20 pratos diferentes, pois sobraram as claras, depois as gemas, depois o caramelo, as nozes… e por aí foi.

Existe uma cozinha ideal?

É óbvio que eu respondo que é aquela ampla, clara, ventilada, com várias posições para que todos possam sentar e curtir um bom papo, mas confesso também que como diria a Dorothy de “O Mágico de Oz”, “não existe Cozinha como a nossa” hehehehe

Confesso que adoro ser convidado por amigos para assumir seus fogões e panelas, mas a nossa cozinha, os nossos utensílios, hábitos e manias são únicos ….

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Ricardo Cobra
Ricardo Cobra
Pai, cozinheiro, já fui um monte de outras coisas mas acima de tudo, um curioso. Da aversão da dupla esponja e detergente nasceu o auxiliar de cozinha em uma viagem com tarefas compartilhadas. Atuando como personal chef, consultor e facilitador na Homem na Cozinha Cook Lab Ricardo Cobra mantém seu "filho mais velho" com o mesmo cuidado de 13 anos atrás.
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